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Vamos falar sobre autismo?

Criança feliz, Mãe Coruja feliz

Criança feliz, Mãe Coruja feliz

Com o aumento da incidência  de autismo no mundo (atualmente 1 para cada 68 crianças nos EUA, sem dados no Brasil)  a patologia passou a ser uma preocupação para os pais.

Muitos perguntam a nós, pediatras, sobre a possibilidade de o filho ser enquadrado em tal diagnóstico. Entendam, não há um exame clínico específico para se chegar ao diagnóstico de autismo. Inicialmente, poderemos ter uma suspeita do diagnóstico. Quando nossa criança é muito pequena, não é fácil levantar suspeita!

Por outro lado, estamos convictos de que, quanto mais precocemente fizermos interferências, maiores serão as chances de se obter melhora do quadro quando se trata de criança autista.

Nem toda criança autista é igual.  Hoje em dia, não se fala de autismo e, sim, de espectro autista. Sabe-se que a gama de variações de sintomas é bastante grande e que a leveza ou severidade do quadro também é diferenciada.

Nos bebês e nas crianças bem pequenas, (mesmo havendo composição variada entre eles), destacam-se como sinais que podem conduzir à suspeita:

  1. Pouco “olho no olho” durante as mamadas;
  2. Pouca busca por rostos humanos;
  3. Pouca imitação;
  4. Atraso na fala;
  5. Crises frequentes de choro.

É importante tanto para seu bebê  quanto para sua criança pequenina ter um acompanhamento frequente, feito por pediatra atento aos sintomas perceptíveis, para não perder a oportunidade de receber tratamento nas fases iniciais do desenvolvimento.

O tempo  adequado de consulta é  importantíssimo para que nós pediatras tenhamos tempo de conversar, ouvir as angústias de vocês pais, e observar o comportamento de seus filhos.

A criança autista, à medida que o tempo passa,  poderá vir a manifestar mais claramente alguns comportamentos que precisam ser observados, sendo necessário estar-se atento para o fato de que nem todos estarão concomitantemente presentes. São eles:

  1. Atraso ou ausência de fala – parecendo ser “surdo” ao ser chamado pelo nome;
  2. Incomodar-se muito quando está fora da rotina ou quando é submetido a muito estímulo;
  3. Dificuldade de brincar de “faz de conta”;
  4. Brincar de forma muito particular, não-lúdica, sistematizada,: rodar rodinhas, alinhar carrinhos, ordenar objetos por tamanho e cor, apertar e desapertar botões , etc.;
  5. Olhar vago, desligado, fugindo do contato visual;
  6. Incômodo com beijos, abraços, toques físicos.
  7. Quadros repentinos de fúria;
  8. Resistência aparente à dor;
  9. Balançar partes dos corpo sem intenção clara;
  10. Em vez de apontar o que quer, usar o adulto, levando  a mão deste para indicar e pegar o que quer ou necessita.

Havendo suspeita do diagnóstico de autismo, nós, pediatras, precisamos lançar mão de uma equipe multidiciplinar para tentar chegar ao diagnóstico. Vamos precisar da avaliação de um otorrino, de uma fonoaudióloga, de um neurologista pediátrico, e, às vezes, até mesmo de um geneticista, de um psiquiatra infantil e de uma psicóloga infantil.

Se a hipótese de autismo for muito forte, será necessário acionarmos uma equipe multidiciplinar maior: psicóloga infantil especializada, fonoaudióloga, terapeuta ocupacional, musicoterapeuta, educador físico (natação / equitação).

É um trabalho para uma vida toda!

Uma evolução favorável do quadro está extremamente relacionada com uma intervenção tempestiva e precoce.

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